Saudações ecológicas!
Primeiramente queremos agradecer a todas as visitas e os
contatos com feedback's que recebemos em 2013. Isso é muito importante para nós,
é o que nos ajudar a produzir os conteúdos, buscar os próximos temas e
determinar a periodicidade das publicações. Falando nisso, atendendo a pedidos,
a partir de agora nossas postagens serão semanais. Estamos muito felizes com o
carinho de todos nossos leitores.
E para abrir 2014, hoje nosso post é sobre um assunto que
está dando o que falar. Energia solar e a falta de interesse do poder público.
Recebemos da Aliança RECOs (Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras) uma matéria que aborda muito bem esse tema e que compartilhamos abaixo.
Por Heitor
Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal de Pernambuco
Professor da Universidade Federal de Pernambuco
Nesse
ano que passou havia muita esperança de que a energia solar fotovoltaica de uso
residencial pudesse deslanchar no Brasil, após a edição da Resolução Normativa
(RN) no 482/2011, da Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Eu mesmo
cheguei a escrever um artigo, em 19/12/2012, intitulado "A hora e a vez da
geração distribuída".
Ledo
engano. Em 2013, segundo o estudo "Os brasileiros diante da microgeração
de energia renovável", realizado pelo Greenpeace, em parceria com a Market
Analysis, os resultados decorrentes da Resolução foram pífios. De onde se
conclui que a RN 482, que deveria reduzir as barreiras e estimular a instalação
de geração distribuída de pequeno porte conectada à rede elétrica,
principalmente nas residências, se tornou um grande fiasco.
Ainda
segundo o estudo citado, somente 131 sistemas domiciliares de geração
fotovoltaica foram instalados em todo o Brasil. Foi em São Paulo onde se
concentrou o maior numero de instalações, 22; vindo a seguir o Ceará, com 14.
Em Pernambuco, apenas 4 instalações foram realizadas. Esses números são
irrisórios diante das possibilidades que o país possui, principalmente devido à
alta incidência de radiação solar em praticamente todo o seu território. Em
contraste, a Alemanha, líder no mercado global de geração de energia solar, em
2012, contava com cerca de 1,5 milhão de produtores individuais de energia,
a partir de painéis solares fotovoltaicos.
Então, se temos Sol em abundância porque não aproveitá-lo mais para gerar eletricidade?
Identificamos
como a causa principal a falta de interesse dos gestores da área energética em
relação a esta importante fonte de energia. Em países que hoje utilizam
consideravelmente o potencial solar, o Estado teve uma participação
fundamental, alavancando a cadeia produtiva fotovoltaica. Os incentivos foram
para os dois extremos da cadeia: para quem produz os equipamentos e para quem
os compra. Quer reduzindo impostos, dando subsídios, criando linhas de crédito,
informando a população acerca dos benefícios, quer comprando grandes
quantidades para instalar em equipamentos públicos (escolas, hospitais,
escritórios dos órgãos públicos, etc.). Estas ações resultaram no
desenvolvimento do mercado, e na consequente redução dos preços, tornando os
equipamentos mais acessíveis.
Outros
aspectos interessantes apontados pelo estudo do Greenpeace/Market Analysis
foram o baixo nível de conhecimento que a população possui sobre a Resolução da
ANEEL (75% dos entrevistados não sabem nada ou pouco sabem). Mesmo com o
desconhecimento, 90% dos entrevistados mostraram interesse em saber mais e,
caso houvesse linhas de crédito com juros baixos, optariam por produzir sua
própria energia, adotando os sistemas fotovoltaicos em suas residências. Fica
claro, portanto, que o governo federal e as distribuidoras responsáveis pelas
instalações nada fizeram para divulgar a Resolução e as enormes possibilidades
que tem a energia solar em nosso país.
Sem
dúvida a eletrificação de residências com sistemas fotovoltaicos tem se
mostrado como uma opção tecnológica de grande importância em vários países do
mundo, com programas federais e locais que incentivam e oferecem condições
financeiras adequadas para que tais sistemas contribuam efetivamente para a
diversificação da matriz elétrica.
No
Brasil, estamos distantes de aproveitar nosso enorme potencial, principalmente
na região nordeste, onde ao longo do ano o Sol brilha por mais de 3 mil horas.
Verificam-se atualmente iniciativas pontuais de geração centralizada de energia
fotovoltaica, como as instalações nas recém construídas arenas para a Copa de
2014, e a experiência bem sucedida do governo de Pernambuco, que realizou um
leilão exclusivo para esta fonte energética e selecionou 6 projetos,
totalizando 122,8 MWh de potencia instalada, a um preço médio de R$ 228,00/MWh.
No entanto, estes são projetos de geração industrial e não de micro geração
descentralizada.
Resumindo:
no Brasil, a contribuição da eletricidade solar na matriz elétrica é
desprezível, pois a falta de interesse do governo federal dificulta uma maior
disseminação dessa tecnologia - madura e promissora. Entendemos ser
completamente sem cabimento a falta de apoio à eletricidade solar. E a
justificativa de ela ser mais cara esbarra com a experiência mundial que mostra
ser o apoio do Estado necessário para desenvolver o mercado.
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